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Transplante de Medula dá Direito a LOAS?

  • Foto do escritor: Mota Tobias
    Mota Tobias
  • 20 de nov.
  • 4 min de leitura

O transplante de medula óssea é um procedimento médico complexo, geralmente indicado para tratar doenças graves como leucemias, linfomas e outras condições hematológicas.


Apesar da alta eficácia em muitos casos, o tratamento costuma ser longo, exaustivo e acompanhado de sequelas que podem limitar significativamente a rotina e a capacidade laboral do paciente.


Por isso, muitas pessoas que passam por esse processo se perguntam se o transplante de medula, por si só, gera direito ao Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS).


Antes de responder a essa questão, é essencial compreender os critérios legais envolvidos.


direito a LOAS
Será que o transplante de medula dá direito a LOAS?

O transplante de medula óssea é automaticamente considerado uma deficiência?

Embora o transplante de medula óssea seja um procedimento sério e de grande impacto na vida do paciente, ele não é automaticamente considerado uma deficiência para fins de LOAS.


O que o INSS avalia é se o paciente desenvolveu limitações de longo prazo, físicas, mentais ou sensoriais, que impeçam sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com outras pessoas.


Assim, o foco não está no procedimento em si, mas nas sequelas e limitações que ele pode gerar, como imunossupressão prolongada, fadiga crônica ou incapacidade laboral persistente.


Quais consequências do transplante podem influenciar na concessão do benefício?

As consequências do transplante variam amplamente entre os pacientes, e é justamente essa diversidade que exige avaliação individualizada pelo INSS.


Alguns se recuperam plenamente após o período de isolamento e acompanhamento médico, retornando às suas atividades cotidianas e profissionais.


Contudo, outros desenvolvem complicações permanentes, como infecções recorrentes, limitações imunológicas, alterações metabólicas e prejuízos funcionais que dificultam o convívio social e o desempenho profissional.


Quando essas sequelas impedem o exercício do trabalho por período superior a dois anos, há possibilidade de enquadramento como pessoa com deficiência para fins de BPC/LOAS.


A renda familiar interfere no direito ao LOAS para transplantados?

A análise da renda familiar é um dos pontos centrais na avaliação do direito ao LOAS, independentemente da condição de saúde.


A lei estabelece que a renda per capita deve ser inferior a um quarto do salário mínimo, calculada com base nos rendimentos de todos os membros que vivem sob o mesmo teto, conforme estabelecido no Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS):


“§ 3º Observados os demais critérios de elegibilidade definidos nesta Lei, terão direito ao benefício financeiro de que trata o caput deste artigo a pessoa com deficiência ou a pessoa idosa com renda familiar mensal per capita igual ou inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.”


Em situações excepcionais, os tribunais têm flexibilizado essa regra quando comprovada vulnerabilidade social severa.


Portanto, mesmo que a renda ultrapasse marginalmente o limite legal, ainda é possível obter o benefício caso a família enfrente despesas elevadas com saúde, medicamentos, transporte ou cuidados contínuos após o transplante.


Pacientes transplantados com 65 anos ou mais têm direito automaticamente?

Quando o paciente possui 65 anos ou mais, a regra muda completamente, pois a lei permite a concessão do LOAS apenas com base na idade e na renda familiar, sem necessidade de comprovar deficiência.


Assim, um idoso transplantado não precisa demonstrar que o procedimento gerou incapacidades; basta comprovar vulnerabilidade social.


Isso significa que o critério etário se sobrepõe ao médico, garantindo um caminho mais objetivo e menos complexo para a obtenção do benefício, desde que preenchido o requisito econômico.


Como comprovar a incapacidade após um transplante de medula óssea?

Para demonstrar a incapacidade, é necessário apresentar laudos médicos detalhados, exames recentes, relatórios de acompanhamento e descrição clara das limitações enfrentadas no dia a dia.


Além disso, o interessado deve estar inscrito no Cadastro Único, participar da perícia médica e da avaliação social realizadas pelo INSS.


Esses documentos são essenciais para que o órgão compreenda a real extensão das sequelas e avalie se elas comprometem a autonomia, a possibilidade de inserção no mercado de trabalho e a participação plena na sociedade, elementos indispensáveis para caracterizar deficiência de longo prazo.


Quais são as reais chances de um transplantado conseguir o LOAS?

As chances dependem diretamente da situação concreta do paciente, especialmente da existência de limitações permanentes e da condição socioeconômica da família.


O transplante, por si só, não garante o benefício, mas as sequelas decorrentes dele podem justificar plenamente a concessão.


Quando o pedido é bem instruído, acompanhado de documentação robusta e fundamentação médica consistente, as possibilidades aumentam.


Em caso de indeferimento, o paciente ainda pode recorrer administrativamente ou ingressar judicialmente, sendo comum que o Judiciário reconheça o direito quando há comprovação clara da incapacidade e da vulnerabilidade.


Conclusão

O transplante de medula óssea pode, sim, resultar no direito ao LOAS, mas isso não ocorre de maneira automática.


A análise depende das limitações efetivas que o procedimento deixou, da duração dessas sequelas e das condições socioeconômicas da família. Além disso, pacientes com 65 anos ou mais possuem tratamento diferenciado, baseado apenas na renda.


Por isso, a orientação adequada, a documentação completa e a avaliação individualizada são fundamentais para garantir que o requerente tenha seu pedido analisado com justiça.


Caso permaneçam dúvidas, buscar apoio jurídico especializado pode fazer toda a diferença no resultado final.


É importante lembrar que as informações aqui apresentadas não substituem a orientação jurídica personalizada, e para obter informações mais detalhadas sobre o assunto tratado neste artigo, é aconselhável consultar um advogado especialista.


Nossa equipe está pronta para oferecer serviços de consultoria e assessoria para clientes em todo o Brasil. Para entrar em contato, basta nos enviar uma mensagem no What'sApp.


Além disso, se você tiver dúvidas sobre outros assuntos relacionados ao direito previdenciário, acesse nosso Blog Jurídico.

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