O Que é Alienação Parental?
- Mota Tobias

- há 4 dias
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A alienação parental é um tema delicado e cada vez mais presente nas disputas familiares, especialmente após separações conturbadas.
Embora muitas pessoas imaginem que ela se resume a proibir visitas, a prática é muito mais profunda e prejudicial. Ela envolve manipulação emocional, distorção da realidade e interferência direta no vínculo afetivo da criança com um dos genitores.
Compreender esse fenômeno é essencial para identificar sinais, prevenir danos psicológicos e saber como a legislação brasileira atua para proteger o menor e restabelecer relações familiares saudáveis.

Como a alienação parental é definida e por que ela ocorre?
A alienação parental é definida como qualquer interferência promovida por um dos genitores, avós ou responsáveis que prejudique o vínculo da criança com o outro genitor. A definição jurídica dessa prática está expressamente prevista no artigo 2º da Lei nº 12.318/2010, que estabelece que:
Art. 2º:
Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
Essa interferência pode surgir motivada por ressentimento, disputa de poder, desejo de vingança ou tentativa de controle emocional sobre a criança. Embora pareça, inicialmente, apenas um conflito entre adultos, os efeitos se projetam diretamente na formação emocional do filho.
O alienador cria narrativas, manipula percepções e distorce fatos para provocar rejeição ou desconfiança, gerando um ambiente tenso e hostil entre a criança e o genitor alienado.
Quais são as principais formas de alienação parental?
A alienação parental pode se manifestar de diversas maneiras, algumas sutis e outras bastante explícitas.
Entre as mais comuns estão críticas constantes ao outro genitor, omissão de informações importantes sobre a vida da criança, criação de obstáculos ao convívio ou visitas, decisões unilaterais envolvendo saúde e educação e até falsas acusações.
Essas condutas, repetidas ao longo do tempo, moldam a percepção do menor, que passa a acreditar que o genitor alienado é inadequado, perigoso ou desinteressado.
Esse processo, muitas vezes silencioso, afeta profundamente o desenvolvimento emocional e a estabilidade psicológica da criança.
Quais são as consequências emocionais para a criança?
As consequências da alienação parental vão muito além do afastamento físico. A criança, envolvida em um conflito que não compreende, desenvolve sentimentos de culpa, ansiedade, insegurança e confusão emocional.
A ruptura artificial do vínculo com um genitor prejudica sua construção afetiva e interfere diretamente na capacidade de estabelecer relações saudáveis no futuro.
Segundo especialistas e tribunais, a alienação parental é considerada uma forma de abuso psicológico, pois submete o menor a pressão emocional intensa e manipulação contínua.
Com isso, compromete seu bem-estar e sua percepção de pertencimento familiar.
Como a legislação brasileira trata a alienação parental?
A Lei nº 12.318/2010 disciplina a alienação parental no Brasil, reconhecendo-a como prática prejudicial e definindo instrumentos para combatê-la.
Ela estabelece que, comprovados os atos de alienação, o juiz pode determinar medidas que vão desde advertência ao genitor alienador até a alteração da guarda ou suspensão do poder familiar em casos extremos.
Além disso, prevê acompanhamento psicológico da criança e avaliação técnica especializada. O Judiciário busca sempre preservar o melhor interesse da criança, garantindo convivência saudável com ambos os genitores.
Como identificar se há alienação parental em andamento?
A identificação exige atenção aos comportamentos da criança e às atitudes do responsável que convive diretamente com ela.
Mudanças repentinas de comportamento, resistência sem explicação ao convívio com o outro genitor, discursos que não condizem com a idade e afirmações negativas repetitivas podem ser sinais de alienação.
Da mesma forma, quando um dos responsáveis cria dificuldades constantes para a convivência, omite informações relevantes ou toma decisões unilaterais, há indícios de interferência indevida.
A coleta de provas como mensagens, gravações, testemunhas e relatórios psicológicos é fundamental para auxiliar na análise judicial do caso.
Quais medidas a Justiça pode determinar quando a alienação é comprovada?
Quando a alienação parental é comprovada, o Judiciário pode aplicar diversas medidas, sempre buscando proteger a criança.
Entre elas, estão advertência ao genitor alienador, imposição de multa, ampliação do convívio com o genitor alienado, alteração do regime de guarda e até suspensão do poder familiar em casos mais graves.
Em muitas situações, o juiz determina acompanhamento psicológico para a criança e para o responsável, visando reconstruir o vínculo afetivo e eliminar a influência negativa.
Essas medidas são aplicadas com base na gravidade da conduta e na necessidade de preservar a integridade emocional do menor.
Conclusão
A alienação parental é um fenômeno silencioso, destrutivo e profundamente prejudicial para crianças e adolescentes.
A legislação brasileira reconhece sua gravidade e oferece instrumentos eficazes para combatê-la, sempre priorizando o bem-estar do menor. Identificar seus sinais e buscar ajuda profissional e jurídica é essencial para impedir que a manipulação emocional prejudique a formação afetiva e o equilíbrio psicológico da criança.
O enfrentamento da alienação exige sensibilidade, responsabilidade e conhecimento.
Quando combatida adequadamente, abre caminho para relações familiares mais saudáveis e para a proteção integral da infância.
É importante lembrar que as informações aqui apresentadas não substituem a orientação jurídica personalizada, e para obter informações mais detalhadas sobre o assunto tratado neste artigo, é aconselhável consultar um advogado especialista.
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