top of page

Quanto Tempo Demora um Processo de Erro Médico

  • Foto do escritor: Mota Tobias
    Mota Tobias
  • há 3 dias
  • 4 min de leitura

A discussão sobre a duração de um processo de erro médico é extremamente relevante, sobretudo porque envolve situações sensíveis, nas quais pacientes e familiares buscam respostas, reparação e justiça.


Embora muitos esperem que o Judiciário ofereça soluções rápidas, a realidade costuma ser mais lenta e burocrática.


Entender por que esses processos demoram, quais etapas influenciam o tempo e como a lei orienta sua condução é essencial para quem enfrenta essa jornada.


A seguir, analisamos essas questões de forma clara, objetiva e juridicamente fundamentada.


quanto tempo demora um processo
Entenda mais sobre prazo dos processos de erro médico.

Por que processos de erro médico costumam demorar tanto?

A demora ocorre principalmente pela complexidade técnica envolvida. Erro médico não se prova apenas com testemunhas ou documentos simples; é necessário reconstruir procedimentos clínicos, analisar prontuários, ouvir profissionais e interpretar condutas médicas muitas vezes controversas.


Apesar de o Código de Processo Civil estabelecer princípios como celeridade e efetividade, previstos no art. 4º do CPC, que garante às partes o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, tais diretrizes nem sempre se concretizam diante da estrutura limitada dos tribunais.


Art. 4º do CPC – Lei nº 13.105/2015:

"As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa."


A ausência de prazos rígidos para atos periciais e manifestações de órgãos públicos também contribui para a lentidão.


A perícia médica é realmente o ponto mais demorado do processo?

Sim. A perícia costuma ser o verdadeiro gargalo. Como o juiz não possui conhecimento técnico para avaliar procedimentos médicos, depende integralmente do laudo pericial.


O perito precisa examinar documentos, analisar condutas médicas, verificar exames, ouvir partes e, às vezes, solicitar pareceres complementares. Quando realizada por órgãos públicos, como o IMESC, a demora pode alcançar anos devido à alta demanda.


Embora o CPC determine, no art. 6º, o dever de cooperação entre todos os envolvidos para assegurar a duração razoável do processo, na prática esse princípio é frequentemente comprometido pela falta de estrutura pericial.


Art. 6º do CPC – Lei nº 13.105/2015:

"Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva."


Recursos judiciais podem prolongar ainda mais o prazo?

Sim. Após a sentença, a parte vencida pode apresentar apelação, embargos de declaração e, em alguns casos, recorrer às instâncias superiores.


Cada recurso abre novos prazos e depende de análise pelo tribunal, que enfrenta sobrecarga processual.


Mesmo existindo o princípio da economia processual, que orienta que o juiz deve aplicar a norma atendendo à razoável duração do processo, a prática recursal ainda representa uma fonte relevante de demora.


Assim, mesmo decisões inicialmente rápidas podem levar anos até o trânsito em julgado.


Casos simples também podem se arrastar por anos?

Sim, e isso é mais comum do que se imagina. Mesmo quando há provas robustas ou confissão parcial, ainda é necessária a análise pericial, oitiva de testemunhas e cumprimento de diversas diligências judiciais.


A legislação não fixa prazos máximos para a conclusão das demandas, e fatores como acúmulo de processos, limitações estruturais, férias forenses e greves podem atrasar tanto processos simples quanto complexos.


O art. 139, II, do CPC confere ao juiz poderes para garantir a celeridade, mas tais mecanismos nem sempre são suficientes para evitar atrasos sistêmicos.


Art. 139, II, do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015):

"Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:

II – velar pela duração razoável do processo;"


O tipo de ação influencia na duração do processo?

Sim. Quando a ação é movida contra o SUS, hospitais públicos ou profissionais vinculados ao Estado, o prazo costuma ser maior. Isso ocorre porque a Fazenda Pública possui prazos diferenciados e alguns casos passam pela remessa necessária, que obriga o reexame da sentença pelo tribunal.


Além disso, aplica-se o prazo prescricional de cinco anos previsto. Já ações envolvendo hospitais particulares tendem a ser levemente mais rápidas, embora ainda sujeitas à demora pericial e às possibilidades recursais.


Existe um prazo médio para conclusão?

Embora cada caso seja único, a média nacional varia entre 3 e 5 anos, podendo ultrapassar esse período quando há divergência entre laudos, necessidade de perícias complementares, insuficiência de documentos ou número elevado de recursos.


A atuação diligente do advogado, aliada ao uso de medidas processuais adequadas, como petições de impulso e requerimentos de priorização quando cabíveis, pode minimizar atrasos, mas não elimina totalmente a morosidade típica de processos dessa natureza.


Conclusão

A duração de um processo de erro médico é resultado de uma soma de fatores técnicos, jurídicos e estruturais que tornam impossível prever um prazo exato.


A perícia especializada, os recursos judiciais, a burocracia estatal e as limitações do sistema tornam o andamento mais lento do que o desejado.


Compreender essas etapas ajuda pacientes e familiares a enfrentar o processo com mais tranquilidade, sabendo que, embora a marcha seja lenta, ela é necessária para garantir justiça, segurança jurídica e responsabilização adequada.


É importante lembrar que as informações aqui apresentadas não substituem a orientação jurídica personalizada, e para obter informações mais detalhadas sobre o assunto tratado neste artigo, é aconselhável consultar um advogado especialista.


Nossa equipe está pronta para oferecer serviços de consultoria e assessoria para clientes em todo o Brasil. Para entrar em contato, basta nos enviar uma mensagem no What'sApp.


Além disso, se você tiver dúvidas sobre outros assuntos relacionados ao direito processual, acesse nosso Blog Jurídico.

bottom of page